A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2024, trouxe um panorama detalhado sobre os hábitos de leitura no país, revelando avanços e desafios críticos no acesso e consumo de livros. Este artigo explora os principais pontos do levantamento, destacando barreiras estruturais e culturais que afetam a leitura entre os brasileiros.
1. Contexto e Metodologia
Com uma amostra de 5.504 brasileiros de 208 municípios, a pesquisa aplicou entrevistas domiciliares para compreender como diferentes públicos (alfabetizados ou não) interagem com o livro em suportes físicos e digitais. O objetivo foi mapear comportamentos, motivações e barreiras relacionadas à leitura.
2. Principais Descobertas
A Queda no Número de Leitores
O percentual de leitores — aqueles que leram pelo menos um livro nos últimos três meses — diminuiu de 52% em 2019 para 47% em 2024. Isso significa que cerca de 93,4 milhões de pessoas mantiveram algum contato com livros, mas 107,6 milhões não leram nenhum material, mesmo em partes.
Redução da Média de Livros Lidos
A média de livros lidos por ano caiu de 4,95 (2019) para 3,96 em 2024, reforçando uma tendência de queda consistente desde 2007. Essa diminuição é mais acentuada entre os não estudantes e as classes com menor escolaridade e renda.
Desigualdades Regionais e Sociais
- Regiões: O Sudeste, tradicionalmente com a maior penetração de leitores, também sofreu queda significativa (de 51% para 46%). O Norte apresentou a maior redução proporcional, indo de 63% em 2019 para 48% em 2024.
- Classe e Escolaridade: Quanto maior a renda e o nível educacional, maior a propensão à leitura. Entre indivíduos com ensino superior, a média de livros lidos é de 6,45 por ano, enquanto para aqueles com ensino fundamental incompleto, essa média cai para 3,07.
Mudança no Consumo Literário
- Literatura Infantil: Foi identificado que apenas 11% dos leitores relataram ler livros infantis, o que aponta para uma lacuna na formação de novos leitores desde a infância.
- Livros Digitais: Apesar do aumento no uso da internet (78% da população acessa regularmente), o hábito de leitura em suportes digitais não acompanhou essa expansão.
3. Barreiras à Leitura
Motivos Relatados por Não-Leitores
Entre os não leitores, 33% citaram falta de tempo como principal barreira, seguida pela falta de interesse (32%) e ausência de paciência para a leitura (13%). Esses números refletem desafios culturais e estruturais que precisam ser enfrentados.
Custo e Acessibilidade
A falta de dinheiro para comprar livros e a ausência de bibliotecas acessíveis ainda figuram como barreiras significativas, sobretudo nas regiões menos favorecidas economicamente.
4. Reflexões e Desafios
Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas que promovam a leitura de forma inclusiva e sustentável:
- Fomento à Leitura Infantil: Investir em programas de incentivo à leitura desde a infância é essencial para criar uma base de leitores consistente no futuro.
- Bibliotecas Comunitárias: A ampliação do acesso a bibliotecas e iniciativas locais pode minimizar as barreiras de custo e acessibilidade.
- Incentivos Fiscais: Estender benefícios como a Lei Rouanet para projetos de disseminação de livros e formação de leitores.
Conclusão
A leitura no Brasil enfrenta desafios que vão além do acesso ao livro, abrangendo questões culturais, educacionais e econômicas. O trabalho conjunto entre governo, setor privado e sociedade civil é fundamental para transformar o cenário atual e construir um país com leitores mais ativos e engajados.
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