A Regência do Verbo “Precisar”

O verbo precisar é amplamente utilizado na língua portuguesa, mas o que muitas vezes passa despercebido é que ele possui uma regência variável, dependendo do sentido que se deseja empregar. Isso significa que sua construção sintática — ou seja, os elementos que o acompanham, como objetos diretos ou indiretos — pode mudar conforme o contexto.

1. Precisar como Verbo Transitivo Direto

Quando o verbo “precisar” é usado com o sentido de “determinar”, “definir” ou “especificar”, ele pede um objeto direto, ou seja, não requer preposição.

Exemplo:

  • O engenheiro precisou as medidas do projeto.

Aqui, “precisar” significa “especificar” ou “determinar”. Repare que o complemento “as medidas do projeto” é o objeto direto, e não há preposição entre o verbo e o complemento.

2. Precisar como Verbo Transitivo Indireto

No entanto, quando o verbo “precisar” é usado no sentido de “necessitar”, ele exige a preposição “de” antes do complemento, configurando-se como um verbo transitivo indireto.

Exemplo:

  • Eu preciso de ajuda para terminar o trabalho.

Neste caso, o verbo “precisar” pede a preposição “de”, e o complemento “ajuda” funciona como o objeto indireto do verbo. Esse uso é muito comum no dia a dia e em diferentes contextos.

3. A Concordância do Verbo

Outro ponto importante a se observar é a concordância verbal. O verbo “precisar” segue as regras normais de concordância, flexionando-se conforme o sujeito da frase. Veja os exemplos:

  • Eu preciso de mais tempo para estudar.
  • Nós precisamos de novas ideias para o projeto.
  • Ela precisa de um computador novo.

A flexão de pessoa e número ocorre no verbo, mas a preposição “de” permanece invariável quando o sentido é o de “necessitar”.

4. Casos Comuns de Confusão

A confusão mais frequente quanto à regência do verbo “precisar” ocorre quando as pessoas deixam de usar a preposição “de” ao empregarem o verbo no sentido de “necessitar”. No entanto, essa preposição é obrigatória para garantir a correção gramatical. Compare:

  • Errado: Eu preciso ajuda.
  • Correto: Eu preciso de ajuda.

Da mesma forma, ao empregar o verbo no sentido de “determinar” ou “especificar”, não há necessidade de preposição, e o uso dela seria incorreto. Compare:

  • Errado: O professor precisou de o resultado da prova.
  • Correto: O professor precisou o resultado da prova.

5. Precisar no Sentido Figurativo

Em algumas situações mais figuradas ou coloquiais, o verbo “precisar” pode ser usado sem complemento, especialmente quando se quer dar um tom mais informal à conversa.

Exemplo:

  • Preciso! (com o sentido implícito de “eu realmente necessito disso!”)

Esse uso, no entanto, é mais frequente em diálogos informais e pode ser considerado estilisticamente inadequado em contextos mais formais.

6. A Flexibilidade na Língua Oral

Embora a gramática normativa seja clara quanto ao uso do verbo “precisar” com ou sem a preposição “de”, na linguagem oral, muitos falantes nativos de português acabam omitindo essa preposição, sobretudo no Brasil. No entanto, é sempre importante estar atento a essas nuances para garantir um uso correto, especialmente em textos formais ou acadêmicos.

Conclusão

O verbo “precisar” tem duas principais formas de regência, e o seu uso correto depende do contexto. No sentido de “determinar” ou “especificar”, ele é transitivo direto e dispensa preposição. No sentido de “necessitar”, ele é transitivo indireto e exige a preposição “de”.

Agora que você já conhece as regras, que tal prestar mais atenção no uso desse verbo no dia a dia? Tem mais algum verbo que você gostaria de entender melhor? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe nas suas redes sociais! Não esqueça de visitar nossa Loja Literatura Infantil para encontrar acessórios e produtos que irão inspirar ainda mais seu amor pela língua portuguesa!

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