A língua portuguesa é rica e complexa, e a regência verbal é uma parte essencial do seu funcionamento. Entre os verbos que causam mais dúvidas quanto à regência, o verbo preferir ocupa um lugar de destaque. Abaixo, vamos explorar sua regência correta, entender como utilizá-lo de forma adequada em uma frase e evitar erros comuns no dia a dia.

O que é regência verbal?

Antes de falarmos sobre o verbo preferir, é importante entendermos o conceito de regência verbal. De maneira simples, regência verbal refere-se à relação entre um verbo e os termos que o acompanham, como complementos diretos e indiretos. Ou seja, é o modo como o verbo se “liga” a outras palavras dentro de uma oração.

Alguns verbos exigem preposições específicas para estabelecer essa relação, o que gera dúvidas na hora de falar ou escrever corretamente. Esse é o caso do verbo preferir.

A Regência Correta do Verbo Preferir

O verbo preferir expressa a ideia de preferência entre dois elementos. Ele é um verbo transitivo direto e indireto, ou seja, requer dois complementos: um sem preposição (objeto direto) e outro introduzido pela preposição “a” (objeto indireto).

A estrutura correta é:

• Sujeito + verbo preferir + objeto direto + a + objeto indireto.

Exemplo:

• Eu prefiro sorvete a bolo.

Observe que não usamos “do que”, “mais que” ou outras preposições que possam parecer corretas no uso coloquial. A única preposição adequada após o verbo preferir é “a”.

Outro exemplo:

• Ela prefere ler a assistir televisão.

Aqui, o verbo preferir estabelece uma comparação clara entre dois elementos: ler (objeto direto) e assistir televisão (objeto indireto). A preposição “a” é obrigatória nesse tipo de construção.

Evitando Erros Comuns

Apesar de parecer simples, muitos falantes da língua portuguesa cometem erros ao usar o verbo preferir. Veja os equívocos mais comuns e como corrigi-los:

1. Uso de “do que” ou “que” em vez de “a”:
   • Errado: Eu prefiro chocolate do que baunilha.
   • Certo: Eu prefiro chocolate a baunilha.
   O erro ocorre porque o falante está tratando o verbo preferir como um verbo de comparação direta. No entanto, a preposição correta para indicar preferência é “a”.
2. Uso de “mais” antes do verbo preferir:
   • Errado: Eu gosto mais de chocolate do que baunilha.
   • Certo: Eu prefiro chocolate a baunilha.
   O erro aqui está em usar “mais” como se o verbo preferir precisasse de intensificação. Ele, por si só, já carrega a ideia de uma escolha entre duas opções, não sendo necessário o uso de “mais” para comparações.
3. Apenas um objeto:
   • Errado: Eu prefiro sorvete.
   • Certo: Eu prefiro sorvete a bolo.
   A estrutura de regência do verbo preferir exige a presença de dois elementos, pois expressa uma escolha entre um item e outro. Caso esteja falando de um único elemento, deve-se reformular a frase para algo como “Eu gosto mais de sorvete” ou “Eu gosto de sorvete”, que são construções distintas e corretas.

A Preferência e a Conotação

Além da regência correta, é interessante observar como o verbo preferir se diferencia de outros verbos que indicam gosto ou desejo. Quando usamos preferir, estamos fazendo uma comparação direta, dando mais ênfase a uma escolha entre duas opções. Ele tem uma conotação mais enfática do que simplesmente dizer que “gosta” de algo. Assim, ao dizer “prefiro”, estamos colocando nossa escolha em evidência.

Exemplos Práticos

Vamos ver mais exemplos práticos para entender melhor como o verbo preferir funciona na prática:

• Preferência por atividades:
  • João prefere nadar a correr.
  • Aqui, fica clara a escolha de uma atividade em detrimento da outra, e o uso da preposição “a” mantém a frase correta.
• Preferência por objetos:
  • Nós preferimos chá a café.
  • Novamente, temos dois elementos sendo comparados diretamente, com o uso adequado da preposição “a”.
• Preferência por pessoas:
  • Eles preferem Marta a Júlia para o cargo de gerente.
  • Mesmo quando a preferência envolve pessoas, a estrutura de regência se mantém.

Conclusão

Entender a regência do verbo preferir é essencial para utilizá-lo de maneira correta e evitar os erros comuns no uso coloquial. Ao compararmos duas opções, devemos sempre lembrar que o verbo exige um complemento direto e outro indireto, com a preposição “a” introduzindo a segunda opção.

Agora que você já sabe como utilizar o verbo preferir, que tal praticar? Deixe suas dúvidas ou exemplos nos comentários abaixo! Vamos continuar essa conversa e aprimorar nosso conhecimento da língua portuguesa.

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